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GIZ DE CERA

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

CARACTERIZAÇÃO

A identidade cultural no artesanato
Fonte: Termo de Referência Artesanato


Valorizar a cultura do espaço territorial e o conjunto de símbolos que caracterizam o artesanato é condição essencial para o desenvolvimento do setor.


O artesanato obedece às leis da oferta e da procura e, por isso, as intervenções de especialistas em análise de mercado são necessárias para prever e corresponder às expectativas dos clientes. Contudo, a identidade cultural do artesanato deve ser preservada, valorizando as tradições regionais, a habilidade dos artesãos e as relações existentes nos grupos.


O artesanato resulta de saberes acumulados por gerações em diversas comunidades organizadas em territórios por todo o país. Os artesãos são herdeiros de técnicas transmitidas por gerações e profundos conhecedores dos recursos naturais existentes em suas regiões. Seus conhecimentos são transformados em objetos inspirados em seus valores e visão de mundo e, desse modo, criam e reinventam uma das formas mais singulares de representação da identidade cultural.O artesanato brasileiro é conhecido em todo o mundo por sua criatividade.

Esse rico conjunto de produtos, desenhos e tons surgiu da herança dos povos que por aqui passaram. O índio nativo já fabricava instrumentos em barro e corda; os negros trouxeram trabalhos em cerâmica cozida; os colonizadores europeus acrescentaram os bordados e rendas.Desenvolver produtos artesanais de referência cultural significa valer-se de elementos que reportem o produto ao seu lugar de origem, seja pelo uso de elementos simbólicos que façam menção às origens de seus produtores ou de seus antepassados, seja pelos materiais utilizados. Portanto, a identidade cultural é caracterizada por costumes, ritos, mitos, cores que remetem à paisagem local, pelas imagens prediletas, pela fauna e flora, pelos tipos humanos retratados e seus costumes mais singulares, que contribuem para distinguir um determinado grupo social dos demais.

O outro aspecto que caracteriza uma determinada cultura relaciona-se ao uso de matérias-primas disponíveis na região e de técnicas de produção que foram passadas de geração em geração. Esses são os atributos mais valorizados por um mercado globalizado. Podem ser citados como exemplos, entre tantos outros: as bonecas de cerâmica do Vale de Jequitinhonha e o trançado Estrela de Olímpia em São Paulo. É importante que todas as pessoas que de alguma forma estejam ligadas ao artesanato como técnicos, especialistas e pesquisadores, assim como o próprio artesão, conheçam profundamente os referenciais que distinguem uma região, bem como a importância que o público confere à representação desses aspectos nos produtos artesanais.

O distanciamento das referências autênticas pode levar a um processo de descaracterização dos produtos, de tal forma que, com o passar dos anos os novos objetos não apresentem mais os seus valiosos atributos. Como deve ser feita a intervenção na renovação da oferta de produtos é um tema em que se percebem opiniões divergentes entre os profissionais que trabalham com artesanato.Para muitos, o surgimento de novos produtos deve ser resultante de um processo espontâneo de criação dos artistas populares. Estes, diante das mudanças no ambiente em que vivem, sentem a necessidade de demonstrar suas impressões pessoais mediante renovações na modelagem da matéria, momento em que demonstram sua visão singular e compatível com o repertório estético e cultural de seu contexto social. O argumento em defesa da não intervenção do design nesses processos de criação artesanal é o temor da possibilidade de descaracterização dos produtos originais, que pode provocar o desaparecimento de certas categorias, tipologias, padrões e outros elementos de reconhecimento e identificação cultural de uma determinada região ou grupo social. Os que defendem a intervenção dos profissionais do design no processo de criação acreditam que esse é um modo de agilizar e dinamizar as relações comerciais entre os artesãos e o mercado, gerando incremento de trabalho e de renda para os artistas e para a região. Como se pode constatar, a questão que se coloca não é mais se devem ou não ser feitas intervenções, mas como intervir sem descaracterizar, valorizando e reforçando as tradições regionais. Uma ação séria e conseqüente deve em primeiro lugar procurar conhecer profundamente as tradições da região, a origem do artesanato local e as diferentes categorias existentes. São essas particularidades que irão orientar o nível e profundidade das intervenções, de modo a diminuir a possibilidade de descaracterizar os produtos criados.


http://www.sebrae.com.br/setor/artesanato/sobre-artesanato/identidade-cultural/652-meio/BIA_652/integra_bia


CENTRO CAPE / SERGINHO GROISMAN

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